sexta-feira, 10 de abril de 2009

Questões teórico-metodológicas para uma História do Tempo Presente: o ensaio e o ensaio de nós mesmos. (Parte 2)

Meu objetivo aqui é identificar algumas medidas metodológicas para uma possibilidade – apenas uma dentre outras tantas possíveis - de um fazer histórico deste campo.
Como norteador para a identificação destes parâmetros, tomo aqui uma palestra proferida por Jorge Larrosa em 2004[1] e transformada em artigo, que julgo de grande potência de utilização, especialmente aos historiadores do tempo recente[2]. Seu texto, induzindo o pensar em atalhos e limites, aponta alternativas para um trilhar metodológico desta modalidade historiográfica. Neste, Larrosa identificará a relação entre o fazer um ensaio acadêmico e o ensaiar a si mesmo, na perspectiva do ensaio como relato da vida e da vida como percurso do fazer de si próprio. Ao verticalizar algumas das discussões propostas pelo autor espanhol, procurarei fazê-lo através da associação com outras falas relevantes. Ao me utilizar da figura do ensaio como alegoria desta história do recente, e do ensaísta proposto por Larrosa como representação do investigador deste campo, sinalizo para o que entendo ser o pressuposto epistemológico mais relevante deste módulo historiográfico: se marcar pela e na subjetividade, e ser antes de tudo, uma história de nós mesmos.

[1] LARROSA, Jorge. A operação ensaio. Sobre o ensaiar e o ensaiar-se no pensamento, na escrita e na vida. Educação & Realidade. Dossiê Michel Foucault, Porto Alegre, v. 29, n.1, p. 27-43, 2004.
[2] Tomo aqui história do tempo presente e história do recente, dentre outros epítetos posteriormente citados, como sinônimos. História do presente, história próxima e história imediata, não se referem exatamente à mesma cronologia, segundo autores como Chaveau e Tètart na obra supracitada. Para eles, estes três tempos históricos fariam parte de um tempo muito contemporâneo, que seria aquele a partir do segundo terço do século XX. De modo geral a história próxima é entendida como dizendo respeito aos últimos trinta anos, enquanto a história do presente englobaria, segundo outros, os últimos cinqüenta ou sessenta anos. As duas funcionarim do mesmo modo, definem-se por características comuns, como a natureza dos arquivos e sua forma de acessibilidade, a natureza dos métodos, o círculo dos historiadores, a continuidade cronológica num século. Já a história imediata, aquela feita no calor do acontecimento e geralmente associada ao oficio jornalístico, seria o complemento da história do presente. Entendo que todas façam parte do mesmo campo historiográfico, e por essa razão, neste artigo associo estas expressões aos epítetos primeiramente mencionados.

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